Quando
chegou a Jaú para fazer um transplante de medula óssea no Hospital Amaral Carvalho,
referência no Brasil no tratamento de câncer, o armador José Pedro dos Santos,
65, não contava que fosse contrair uma forte gripe, motivo pelo qual seu
tratamento teve de ser adiado. Ele veio de Rondônia há dois meses, acompanhado
de sua esposa, dona Maria, 61. Os dois estão hospedados na casa de apoio social
Ignês de Carvalho, mantida pelo HAC, enquanto aguardam uma nova data para o
transplante.
Seu José
descobriu o câncer há dois anos e logo iniciou o tratamento em Porto Velho, com
sessões de quimioterapia e radioterapia, mas, no seu caso, as chances de
sobreviver estão mesmo no transplante de medula. “Já era para ter sido feito o
transplante, mas já que cheguei aqui fiquei internado uns 20 dias só para
tratar dessa gripe”, conta o paciente.
Magro e com
estatura que não passa de um metro e meio, Seu José, à primeira vista, parece
um homem frágil. Só parece. Ele garante não ter medo do câncer. “Quando recebi
a notícia da doença fiquei aborrecido porque tive que parar de trabalhar. Se
tive medo? Nenhum”, afirma.
Para ele,
enfrentar a doença corajosamente é a melhor maneira de vencê-la. “Não adianta
ficar com medo. Temos que fazer o tratamento com muita tranquilidade. A
depressão só piora as coisas”.
Nascido no
Piauí, Seu José vive em Rondônia há mais de 30 anos. Ele trabalhava como
armador na construção de prédios e pontes e, por isso, viajava por quase todas
as regiões brasileiras. Numa dessas andanças encontrou Maria, uma mulher com
história de superação incrível.
Amazonense,
Maria viveu no Rio de Janeiro do primeiro ano de vida aos 14 anos. Ainda bebê,
num momento de distração de sua mãe, que era lavadeira em Manaus, ingeriu soda
cáustica e foi encaminhada ao Hospital da Cruz Vermelha, no Rio, onde se
submeteu a várias cirurgias e ficou internada por sete anos. A mãe teve de
deixá-la aos cuidados das enfermeiras para criar os outros filhos e cuidar da
roupa dos clientes, ofício que garantia o sustento da família. “A última vez
que mamãe me visitou, eu tinha apenas três aninhos”, conta. Já o pai de Maria
faleceu tragicamente numa explosão ocorrida na fábrica onde trabalhava, em
Manaus. Ela mal o conheceu.
Ao receber
alta do hospital, Maria viveu por mais sete anos em um colégio interno, no Rio.
“A irmã do convento, na época, havia conseguido uma bolsa de estudos no
exterior, mas eu não quis. Decidi voltar a Manaus, para os braços de mamãe”,
lembra, emocionada.
Depois de ter
sofrido tantos dramas, Maria se mudou para Rondônia, onde finalmente
encontraria a felicidade: Seu José, com quem vive há 32 anos e para quem,
agora, dedica todo seu tempo e seu amor. “Tudo o que já passei na vida me
tornou uma mulher forte para poder cuidar do José”, diz.
Mesmo
viajando pelo Brasil afora, José nunca abandonou Maria. Brincalhão, ele diz
que, em cada canto do país, teve uma mulher, mas sempre acabou voltando para
casa. Quando perguntamos se tem filhos, ele responde: “Devo ter muitos por aí,
mas não conheço nenhum”, caçoou.
Dona Maria nem se importa com a piada e faz uma provocação em
seguida: “Ele é meu oitavo marido”, revela. Quando jovem, Maria teve uma filha
de outro relacionamento, mas seus netos e bisnetos são assim considerados por
Seu José. “Eles me respeitam demais, gostam muito de mim. Me sinto como
avó e bisavô de sangue deles”, afirma.
Apoio social
Seu José só
quer de volta sua vida tranquila em Rondônia. Ele vive em uma chácara e se
alimenta de tudo o que planta. “Lá tem manga, caju, cupuaçu, banana e até café.
Vivíamos muito bem: eu trabalhando e Maria cuidando da casa. Meu salário era
suficiente para nós. Eu até pagava internet e celular para Maria”, pontua.
A
preocupação do casal é ter que permanecer por muito mais tempo em Jaú com o
dinheiro que trouxe para pagar as contas. “Trouxemos R$ 1.400,00 e acabamos
comprando presentinhos para os netos e bisnetos. Agora só temos reservado o
dinheiro do táxi para nos levar ao aeroporto de Bauru, onde pegaremos o avião
de volta pra Porto Velho. Graças a Deus existe a casa de apoio. Se não fosse
esse lugar, a gente estaria dormindo no banco da praça”, disse Seu José.
Na casa de
apoio, o casal recebe hospedagem e várias refeições diárias. Tudo sem custo
nenhum. Assim como Seu José, muitos pacientes que vêm de Rondônia para
tratamento do câncer no Amaral Carvalho pelo Sistema Único de Saúde são
acolhidos em casas de apoio. Por ano, essas casas oferecem mais de 20 mil
diárias.
O HAC
realizou em 2015 cerca de 1.000 procedimentos oncológicos a pacientes de
Rondônia, cinco vezes mais do que em 2014.
“Chegar a um lugar estranho, longe da família e sem dinheiro
suficiente para se manter por muito tempo gera uma certa preocupação, mas o
Hospital Amaral Carvalho tem tudo, até apoio social. Isso é o que nos
tranquiliza”, conclui Seu José.
Imprensa:
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