Com apenas
dois anos, Aron, um bebê robusto, com bochechas rosadas e olhos azuis, já trava
uma luta pela vida de provocar calafrios em qualquer adulto. Há 70 dias, ele
chegou ao Amaral Carvalho, o hospital de câncer do Brasil, localizado em Jaú,
no interior de São Paulo. Em sua primeira batalha, Aron se saiu bem, mas perdeu
seus cachinhos dourados para o tratamento da quimioterapia.
O garotinho
de Analândia, interior de São Paulo, enfrenta leucemia, tipo de câncer no
sangue, mais frequente na infância. A descoberta da doença é recente, mas antes
mesmo de Aron nascer, em dezembro de 2013, a família já vivia um grande drama:
a mãe dele, a professora Paula Brille, 32, foi diagnosticada com esclerose
múltipla (EM), doença neurológica, degenerativa, incurável, que provoca lesões cerebrais.
Nos casos mais graves, o paciente perde a capacidade de andar e falar.
“Interrompi o uso dos medicamentos para engravidar e tive uma crise
violenta. Perdi a força nas pernas e nos braços e acabei numa cadeira de rodas.
Tudo o que eu tentava segurar caía das minhas mãos”, lembrou Paula.
A notícia
Na gravidez,
ela substituiu o tratamento convencional à ingestão de vitamina D, recomendada
por um especialista da área, e conseguiu ótimos resultados. “Não tive
complicações durante a gestação e saí da maternidade carregando meu filho nos
braços, mas sabia que teria um longo caminho de luta pela frente”.
Mesmo
antevendo os árduos tempos após o parto, a professora foi surpreendida ao saber
que enfrentaria mais um terrível problema: a doença de Aron. Paula chorou muito
ao explicar o que sentiu ao receber a notícia. “Ele começou com febre, uma
febre que não cessava. Depois de alguns exames, o médico descobriu uma anemia
importante e resolveu investigar melhor. E assim descobriu o câncer. Foi como
se um buraco se abrisse debaixo dos pés. E logo veio a sensação de impotência.
Eu olhava para o meu bebê e não acreditava que aquilo estava acontecendo. Sem
poder fazer nada, só pedia a Deus que fosse uma mentira, um sonho, mesmo que
fosse um pesadelo, só não queria acreditar na realidade”, contou a professora,
em prantos.
Sensível à agonia da mãe, Aron, que ainda não fala, só fez um “não”
com a cabeça e resmungou. E ela reagiu para acalmar a criança: “Está tudo bem,
bebê”.
Peito
No mesmo
instante, Paula levantou-se do sofá, pegou o filho no colo e o amamentou no
peito. “Pouco antes do Aron ficar doente, iniciamos o processo de desmame,
porque já estava mais do que na hora, mas, de repente, todo tormento aconteceu
e resolvi prosseguir com a amamentação”, justificou.
Aquele
momento mágico foi compartilhado por todos que entravam no quarto 1 da
pediatria, onde Aron está internado. “Você ainda o amamenta? Que bênção!”,
exclamou a nutricionista que passava para informar o cardápio do almoço. “Ele
ainda mama no peito? Que lindo”, repetiu a doutora Malu, que chegou para
iniciar uma sessão de fisioterapia com o pequeno paciente.
Embora não tenha gostado nada de ter sido interrompido pela
fisioterapeuta, o valente Aron ganhou a confiança da “tia Malu”, e os
exercícios começaram entre murmúrios.
Pequeno e valente
O câncer, quando acomete uma criança, é sempre mais impactante. Os pequenos não entendem por que precisam passar por procedimentos, às vezes dolorosos, e sofrem mais por isso, assim como todos ao seu redor.
Desde quando
foi hospitalizado pela primeira vez – já está na terceira internação -
Aron passou por um conjunto de procedimentos: recebeu sangue, plaquetas, passou
por sessões de quimioterapias e realizou exames mais invasivos. “Ele chora de
dor quando se senta na cama, devido a um exame a que foi submetido nesta manhã,
no centro cirúrgico. Meu coração chega a doer”, lastimou a professora Paula
Brille.
Aron recebeu alta médica três vezes desde a primeira internação,
mas, no último 29 de maio, teve que voltar. “Ele passou tão mal devido à
última químio, que acabou desidratado”, contou Paula.
Sério e carinhoso
Talvez por
todas as dores, as sensações de mal-estar e a possível insegurança com relação
à saúde da mãe, assimilada por Aron ainda no ventre materno, o menino demonstra
ser uma criança sisuda, de poucas brincadeiras. Quase nunca sorri. “Em casa,
com o pai, ele é um pouco mais solto, mas, no geral, é sempre assim, sério”,
confirma a mãe.
Segundo
Paula declarou à reportagem, os profissionais do Hospital Amaral Carvalho
tentam de tudo para Aron se sentir mais seguro. “O acolhimento neste hospital é
de primeiro mundo, humanizado, e o Aron, que não é nada sociável, chega a se
arriscar no colo das enfermeiras. Ele também é bastante carinhoso. Basta a Bel,
do plantão noturno, chegar, que ele abre os bracinhos para ir no colo dela. E
para todas as outras enfermeiras que saem do quarto, ele manda beijos”, contou
a mãe orgulhosa.
No dia desta
entrevista, Aron estava prestes a receber outra alta médica. Tanto ele quanto a
mãe pareciam estar exaustos. “O Manuel (pai da criança) espera ansioso nossa
chegada em Analândia. Meu marido sofre muito. É muito apegado ao Aron e
telefona para cá a todo momento. Ele também se sente muito inseguro”,
confessou.
Aron tem grandes possibilidades de cura. “Os médicos dizem que ele
tem 80% de chances, mas eu confio nos 100% de Deus. Acredito que Aron já esteja
curado e, quando tudo isso terminar, vou voltar a cuidar de mim, para que possa
continuar carregando meu filho nos braços, por um longo tempo”, declarou a mãe
esperançosa
Autor: Juliana Parra
Imprensa:
Departamento de Comunicação e Marketing do HAC
Rua das
Palmeiras, 89 - Jahu (SP) - Tel.: (14) 3602-1216 / 98138-7006
Doações por telefone: (14)
3602-1239
Ouvidoria: (14)
3602-1388 - ouvidoria@amaralcarvalho.org.br
@amaral_carvalho - fb.com/fundacaohospitalamaralcarvalho
Nenhum comentário:
Postar um comentário