Bem disposta
e falante, nem parece que dona Maria Madalena Francisco de Oliveira, 60,
paranaense, de Cambará, está internada em um dos leitos da enfermaria da ala
tóracoabdominal do Amaral
Carvalho, o Hospital do Câncer de Jaú. Desde 2008, quando foi
diagnosticada com câncer de mama, a paciente tem vivido idas e vindas ao HAC
com frequência. Os médicos, agora, investigam a possibilidade de metástase
óssea e hepática.
Maria
Madalena é um dos 75 mil pacientes de todo o país que o Amaral Carvalho presta
atendimento, anualmente, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2015, segundo o
registro hospitalar do HAC, foram realizados 1090 atendimentos a pacientes do
Paraná que resultaram em 5689 procedimentos oncológicos, incluindo radio e
quimioterapia.
De origem simples, descendente de índios, dona Maria não pode
avaliar o estágio de seu problema. Talvez por isso mesmo não tenha se entregado
à doença. “Eu adoro estar aqui. Nem quero mais ir embora pra casa. As
enfermeiras são muito boas comigo e a comida é uma delícia”, elogia.
Assistência
social
Sozinha desde que veio pela
última vez do Paraná, em 6 de janeiro último, dona Maria foi acolhida pelas
acompanhantes das pacientes com quem divide um quarto do hospital. “A dona
Maria é gente boa. Como está sem acompanhante, estamos ajudando o melhor
que podemos. Além de toda a assistência que está recebendo do Amaral,
compramos roupa íntima e alguns itens de higiene pessoal como creme de cabelo,
pente e sabonete. Teve quem doou toalha de banho também”, disse uma delas.
Apenas com a roupa do corpo,
dona Maria veio de Cambará para alguns exames no HAC, mas acabou ficando
internada. Apesar das dificuldades, seu sentimento é de gratidão. “Fiz amizades
aqui, conta com os olhos marejados, referindo-se à Áurea Mascarelli Regato,
acompanhante de Aparecida Mascarelli Nápoli, paciente de Assis internada no
mesmo quarto.
“Para ela não se sentir
desamparada, conversamos muito, ouvimos suas histórias, dando-lhe a atenção que
merece. Ela tem muitas histórias interessantes”, ressalta Áurea.
Dona Maria não conta com uma
aposentadoria. Ela vive com o marido, uma irmã, e um sobrinho, e conta
com o apoio de outro irmão, que lhe disponibiliza uma cesta básica por mês.
Todo o tratamento da
paciente no Amaral Carvalho é custeado pelo SUS. Em outras ocasiões que esteve
em Jaú para consultas e procedimentos ambulatoriais, ficou hospedada em uma das
casas de apoio mantidas pela instituição. Essas casas recebem pacientes que
residem em cidades distantes do HAC e que não têm condições de arcar com custos
de hospedagem, alimentação e transporte durante o tratamento. Por ano, são
oferecidas nessas unidades cerca de 20 mil diárias a pacientes do hospital e
seus acompanhantes. “Se não fosse o Amaral Carvalho, não sei o que seria de
mim”, conclui, na busca da alegria de viver.
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