O manobrista
catarinense Marcélio Luiz da Costa, 50, desempregado, recebeu uma notícia
terrível, em fevereiro de 2015, que poderia acabar com sua vida. Abatido, com a
pele amarelada, sem ânimo para buscar novo emprego, Marcélio pensava que o pior
era a falta de trabalho. Porém, o diagnóstico para a mudança de seu
comportamento e mal estar, feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), apontara
uma realidade ainda mais preocupante: estava com leucemia.
“A sensação
quando recebi a notícia é como se um buraco enorme tivesse aberto debaixo dos
meus pés. Aí, fiquei sem chão e comecei a pensar em tudo o que já vivi.
Vai passando
um filme em nossa cabeça”, lembrou Marcélio.
De lá para
cá, Marcélio cumpriu uma maratona bem conhecida para os pacientes acometidos
pelo câncer. Foram 35 sessões de quimioterapia e transfusões de sangue durante
nove meses, tratamento iniciado no Hospital Universitário de Florianópolis.
“A médica
que cuidou do meu caso disse que a leucemia precisava ser estabilizada para
tentarmos um transplante de medula. E aí começamos a procurar um doador na
família.
Por sorte,
exames mostraram que meu irmão caçula era 100% compatível”, conta o
catarinense.
De acordo
com o presidente da Sociedade Brasileira de Transplante de Médula Óssea e
coordenador do Serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO) do Hospital Amaral Carvalho (HAC),
Dr. Vergílio Antonio Rensi Colturato, a chance de compatibilidade na família,
dependendo do número de irmãos, é em média 35%.
Encaminhado
ao HAC, Marcélio da Costa passou pelo transplante no dia 4 de janeiro e agora
se recupera no hospital com a expectativa de que a medula “pegue”. Conforme
Colturato diagnostica, no caso de Marcélio, a probabilidade de êxito é 99%.
O
transplante foi financiado pelo SUS. O Hospital Amaral Carvalho mantém casas de
apoio em Jaú, no interior de São Paulo, para receber pacientes que residem em
cidades distantes do hospital e sem condições de arcar com custos de
hospedagem, alimentação e transporte durante o tratamento. Mais de 20 mil
diárias são oferecidas gratuitamente pelo hospital, por ano, sem custos para o
SUS.
“Não
desembolsei um centavo para nascer de novo. O tratamento que estou recebendo é
de primeiro mundo. Se não fosse o Hospital Amaral Carvalho e sua a equipe
maravilhosa, além, é claro, de Deus, talvez eu não estivesse mais aqui”, diz
Marcélio, pronto para curtir a família e seus cinco netos.
Ele destaca
que a doença foi importante para mudar radicalmente seus hábitos e seu modo de
pensar. “Antes da leucemia, não me preocupava com nada, não fazia um check-up,
era sedentário, ia sempre para a noitada, bebia, só pensava em churrasco.
Depois que acendeu o sinal vermelho, tudo mudou. Hoje meu conceito
de vida é completamente diferente. Tenho uma alimentação saudável, ouço boas
músicas, vejo bons filmes e aproveito melhor a companhia de amigos e
familiares”, afirma Marcélio.
Outros
catarinenses
Com aproximadamente 300
leitos e 40 especialidades médicas, o hospital atende cerca de 75 mil pacientes
por ano, para os quais realiza mais de 1 milhão de procedimentos, incluindo
radioterapia e quimioterapia. 95% da sua capacidade é disponibilizada a
pacientes do SUS.
A Unidade de TMO do Amaral
Carvalho realiza em média 18 transplantes por mês. A previsão é que até o fim
de 2016 os procedimentos alcancem 20 por mês. Desde sua criação, o serviço já
atendeu pacientes de todos os estados brasileiros, em todos os níveis de
complexidade. Dos cerca de 200 transplantes feitos por ano, 30% são na área de
pediatria. Em 2014, o HAC prestou 1.329 atendimentos a pacientes de Santa
Catarina, resultando em 14.631 procedimentos oncológicos. De janeiro até
novembro de 2015 - quando foram lançados os últimos dados no sistema-, foram
1.252 atendimentos e 16.357 procedimentos realizados.
O Dr. Vergílio Colturato
informa que o Hospital Amaral Carvalho responde por 15% do total de
transplantes realizados no país. Em 2015, o HAC foi homenageado pelo Registro
Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) e pelo Instituto Nacional do
Câncer (Inca), por ser o centro oncológico de referência que mais realizou
transplantes no país.
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