segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Mãe e filha se aproximam mais depois do câncer




Por volta de 9h30 da manhã de quinta-feira, 4 de fevereiro, a nutricionista Taís entra no quarto 328 da Unidade de Internação do TMO (Transplante de Medula Óssea) do Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, interior de São Paulo, e pergunta: “Bia, o que vamos comer hoje?”.

Bia tem 11 anos e há 3 anos luta contra uma leucemia. Ela veio do sertão do Ceará com a mãe, Ana Elda, em busca da cura da doença.

Dorminhoca, a adolescente nem se move na cama. Ana Elda, então, se apressa e acorda a filha para escolher o cardápio do dia. Seria um dia e tanto… começaria a preparação para o transplante de medula óssea, marcado para 11 de fevereiro, com doses pesadas de medicação. “Com a quimioterapia, os pacientes se sentem enjoados, por isso oferecemos um cardápio bem variado para que consigam se alimentar melhor”, explica a nutricionista.

Bia escolheu carne de hambúrguer para o almoço para acompanhar o arroz com feijão. Pediu também banana, melão, bisnaguinha com presunto e queijo, gelatina e suco de uva para o lanche da tarde. “Para o jantar quero hambúrguer de novo”, reforça a paciente.

Ana Beatriz Souza Medeiros, a menina Bia, e sua mãe, Ana Elda Souza Medeiros, 28, viúva, vieram de Quixeramobim, município conhecido como o coração do Ceará, a 203 quilômetros da capital Fortaleza.

Em 2012, Bia começou a perder peso rapidamente e foi levada ao hospital da cidade. Desconfiados, os médicos a encaminharam a Fortaleza, onde foi diagnosticada a doença: ela estava com câncer no sangue.

Doador

Foram 4 meses de internação, com sessões de quimioterapia, mas a batalha contra a leucemia não foi vencida. Até agora já somam 3 anos de tratamento, e o último recurso para que Bia possa sobreviver é o transplante. Como na família não havia doador compatível, iniciaram-se as buscas por um doador não aparentado no registro brasileiro de doadores voluntários, um banco com 3,8 milhões de cadastros. E ele apareceu! Para se ter uma ideia da probabilidade de encontrar um doador compatível não aparentado, dos 3,8 milhões de voluntários cadastrados, apenas 269 foram doadores efetivos em 2015.

Ana Elda não esconde a curiosidade. Ela gostaria de saber quem é a pessoa que ofereceu “uma nova chance de vida” para sua filha: “Por enquanto não podemos conhecer o doador, mas um dia vamos saber quem é para podermos agradecê-lo por tudo”.

Muito sensibilizada, a mãe de Bia chora a cada frase que pronuncia. Já a menina, extremamente tímida, apenas observa a mãe com os olhos fixos e sorri.

A história das duas não foi nada fácil. Com três aninhos, Bia perdeu o pai, que sofria de problemas renais. Ana Elda e o marido estavam separados na época, e Bia já morava com ele e com a avó paterna. “Eu era muito jovem e não fiz tanta questão que ela ficasse com o pai. Mantivemos contato durante esses anos, mas nunca estivemos tão próximas como agora. Talvez essa doença tenha surgido para nos aproximar. Só eu fico com ela aqui em Jaú. Embora seja muito difícil passar por tudo isso sozinha, longe da família, sem ter com quem me revezar para cuidar da Bia, esse momento está sendo importante”, revelou.

Bia tem um irmão mais novo, o Wenderson, 9, cujo pai também já não vive mais junto à Ana Elda. “Ela fala muito do irmão e dos amigos. Está há bastante tempo sozinha, sem poder brincar. É muito triste ver tudo isso, mas nós duas estamos confiantes de que tudo vai dar certo. No início fiquei  bem preocupada porque não sabia como seria o tratamento. A gente vê na TV que a saúde pública é muito precária e nunca teria condições de pagar por um tratamento como esse. Mas desde que descobrimos a doença, ela foi muito bem cuidada. O atendimento aqui foi muito rápido e até agora não teve sequer uma falha. Os médicos e os enfermeiros do hospital tratam a gente com muito carinho e respeito”, elogia Ana Elda.

Depois do transplante, Bia e Ana Elda ficarão em torno de 3 meses hospedadas em uma das casas de apoio mantidas pela Fundação Amaral Carvalho. Também sem custo nenhum!

Assim como ela, milhares de outros cearenses são atendidos no HAC de Jaú, que é referência no Brasil no tratamento contra câncer e o centro que mais realiza transplante de medula óssea do País. Em 2015, o Amaral Carvalho realizou 2.262 atendimentos e mais de 17.300 procedimentos oncológicos a pacientes vindos do Ceará.

“Tivemos sorte de encontrar aqui outra paciente de Quixeramobim. É uma senhorinha que já está na casa de apoio. Quando se está longe de tudo e de todos, encontrar alguém da nossa terra traz um enorme conforto”, completa Ana Elda.

O Hospital Amaral Carvalho é a mais antiga fundação filantrópica privada de assistência à saúde do Brasil e também a primeira unidade hospitalar do interior paulista especializada em câncer. Em 2015 comemorou 100 anos de atividades e este ano completa 20 anos do serviço de Transplante de Medula Óssea, com aproximadamente 2.500 procedimentos realizados.

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