segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Medula óssea de militar mineiro salva vida de coronel pernambucano




Conheci o coronel Ricardo Dantas de Vasconcelos, 53 anos, oficial da Reserva da Polícia Militar de Pernambuco, na antessala do ambulatório de Transplante de Medula Óssea (TMO) do Hospital Amaral Carvalho (HAC), em Jaú. Desde 2008 ele é paciente do hospital, e todos os anos vem para manutenção do tratamento.

A história do coronel Dantas é, em vários aspectos, semelhante a de muitos pacientes que buscam a cura do câncer, chamando minha atenção nesse pernambucano é que a sua vida é permeada de muitas “coincidências”. É incrível como as coisas com conexão entre si vão acontecendo… o tempo todo. Eu diria até que ele tem um “santo” muito forte!!

Alerta

Em 2007, quando descobriu que era portador de leucemia, coronel Dantas era coordenador de segurança do então governador do Estado de Pernambuco, Eduardo Campos, morto tragicamente em 2014.

Sendo saudável e atlético, nunca se preocupou com doenças. “Minha rotina incluía exercícios e boa alimentação. Jamais tive qualquer sintoma de leucemia”, lembra.

Naquela época, submeteu-se a exames médicos de rotina. Foi quando recebeu alerta de que algo não ia bem. “Os resultados estavam alterados e fui orientado pelo médico da PM a procurar um especialista em doenças do sangue”, conta.

Dantas passou a se sentir cansado e achou que estivesse com alguns quilos acima do peso ideal, nada mais sério! Ao fazer um mielograma, exame específico da medula óssea, descobriu que estava com leucemia.

Começou, então, a procura por um doador de medula óssea. Naquela época, o Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), do Ministério da Saúde, tinha 750 mil voluntários cadastrados (hoje são quatro milhões), e as chances de se encontrar um doador compatível eram mínimas.

Nenhum dos seus irmãos tinha perfil genético compatível exigido. “Tenho sete irmãos, todos incompatíveis comigo. Aí o caminho se estreitou e eu a esperança começou a diminuir”, confessa.

Naqueles momentos de incerteza o apoio da família foi muito importante. Esther, a esposa, e os filhos, Taísa e Ricardo Filho, lhe transmitiam esperanças, destacando o grande amor pelo militar.

No período de espera por um doador, Dantas passou por sessões de quimioterapia e, por sorte, respondeu bem ao tratamento. A doença regrediu e logo ele pôde voltar ao trabalho.

Coronel Ricardo Dantas e sua esposa, Esther, no Hospital Amaral Carvalho

Recidiva

Às vésperas de curso superior de polícia, em 2008, a leucemia voltou com todo o vigor.  “Depois de uma vida inteira dedicada à Polícia Militar, achei, então, que estava na hora de pendurar a farda e ficar comendo pães de queijo, que eu tanto adoro”, brincou.

Diante da dificuldade de encontrar um doador compatível, os médicos optaram por um tipo de transplante que utiliza células da medula óssea do próprio paciente – é o chamado transplante autólogo. “Era o último recurso que tínhamos. Teria pelo menos mais uns cinco anos de vida.

Doadores

As condições clínicas do policial, entretanto, eram adversas para a realização do transplante autólogo. “Eu estava morrendo e quando percebi me agarrei a Deus, ajoelhei-me no chão e clamei por misericórdia. No dia seguinte, me telefonaram dizendo que haviam encontrado 22 doadores compatíveis. Foi a melhor notícia que poderia ter recebido”, afirma.

O transplante de medula óssea foi realizado em fevereiro de 2008. “Após o procedimento, tive mucosite, estomatite, herpes, doença do enxerto, diarreia e vômito, além de perder 37 quilos. Me mandaram para o isolamento e achei que não fosse mais voltar e isso passou a ser o meu maior medo”, confessou.
“Minha fé estava se esvaindo, quando dobrei meus joelhos e implorei a Deus que me mandasse um mensageiro para renová-la”, completou.

Era 27 de julho, aniversário de sua esposa, Esther, quando, na hora da visita hospitalar, apareceram dois missionários. “Eles oraram e eu ouvi a voz do Espírito Santo me dizendo: ‘Estou usando os missionários para falar contigo. Tu me pediste e eu estou aqui para renovar o compromisso que tenho contigo e dizer que essa doença foi a sua salvação’. Eu estava sendo curado naquele momento”, lembrou caindo em lágrimas.

O coronel Dantas atualmente vem a Jaú uma vez ao ano para acompanhamento de rotina. Seu grande desejo é encontrar-se com seu doador. “A única informação que me deram é que o doador selecionado entre os 22 compatíveis era um policial militar de Minas Gerais”.

Fotografia

Enquanto o coronel Dantas me contava os episódios, uma viatura da PM de Jaú, escoltando uma ambulância que trazia ao hospital Amaral Carvalho um preso com câncer para uma consulta, parava no estacionamento.

Resolvemos nos aproximar para fotografar o carro oficial da polícia para ilustrar esta matéria. Ao chegarmos, nos apresentamos aos policiais, e assim descobrimos mais uma daquelas coincidências: “Fiz um curso de segurança para o governo do Estado de São Paulo com um major pernambucano, que tinha muito contato com o estimado coronel Dantas. Agora, tenho o prazer de conhecê-lo aqui”, disse o oficial da PM de Jaú, Rafael Fazolin.

Com tantos acasos, coisas do destino, ou obra de Deus, é difícil explicar  tudo o que aconteceu na vida de Dantas, mas uma coisa é certa:  no sangue do coronel encontramos mais uma razão dele se orgulhar tanto da profissão e ser tão fascinado por pão de queijo!

Coronel Dantas entre oficiais da Polícia Militar de Jaú

Autor: Juliana Parra
Imprensa: Departamento de Comunicação e Marketing do HAC
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