“Me livrei
da leucemia há quatro anos, mas agora começo uma nova batalha, desta vez contra
o câncer de próstata”, lamenta o piauiense Milton Rocha, 62 anos, paciente do Hospital Amaral Carvalho
(HAC).
Conheci Seu
Milton na casa de apoio Ignês de Carvalho Montenegro, que oferece diárias
gratuitas de hospedagem a pacientes do HAC com histórico de transplante de
medula óssea. Ele foi diagnosticado com um tipo de leucemia em 2010 e depois de
dois anos em tratamento quimioterápico passou pelo transplante. Foi um sucesso!
Quatro anos se passaram. Tudo transcorria bem, quando a outra
terrível descoberta colocou novamente em risco a vida de Seu Milton. “Foi
difícil acreditar. Quando eu pensei que fosse começar a usufruir dos benefícios
conquistados ao longo de uma vida inteira de trabalho, recebi o diagnóstico do
câncer de próstata”, conta.
Trabalho
Mesmo na
dor, a fé desse piauiense radicado no Ceará foi capaz de transformar seu
desespero em esperança: “Com os cânceres vieram outras complicações. Achei que
fosse morrer. É uma glória eu estar aqui contando esta história. Creio que eu
vá sair dessa também”, aposta.
Durante nossa conversa, falar sobre a doença que já lhe pregou
peças duas vezes na vida, no curto prazo de seis anos, não tinha mais sentido.
Notei que, quando as lembranças do trabalho vinham a sua memória, lhe
arrancavam sorrisos. Decidi, então, enveredar por aí. Deixei Seu Milton falar
por mais de uma hora sobre sua carreira no setor da energia hidrelétrica. Ele
contou sobre o funcionamento das usinas, sobre seu comprometimento e
responsabilidade – ele nunca sofreu acidente de trabalho, comum nesse ramo,
sobre suas transferências para o Rio Grande do Norte, depois para o Ceará, e
lembrou muito dos amigos. “A empresa era uma verdadeira irmandade. Além de
gostar muito do que eu fazia, ganhei muitas amizades ao longo da minha
carreira, e até hoje me encontro com os amigos. Sou aposentado, e nossa
associação fica dentro da empresa. Estou sempre em contato com eles”, conta.
Carne de sol
A origem de
Seu Milton é nobre. Seu pai era dono de terras, mas foi com seu próprio
trabalho que ele venceu na vida. “Sempre fui um homem trabalhador e preocupado
com o bem-estar de minha família. Tenho duas aposentadorias e dois seguros de
vida. Hoje, eu e minha mulher tocamos uma lanchonete em Fortaleza, onde
recebemos nossos clientes e amigos para tomar uma cervejinha e experimentar
alguns petiscos, em especial a carne de sol. É uma delícia”, aprova.
Casado com dona Rita, sua terceira esposa, pai de seis filhos e avô
de cinco netos, Seu Milton não vê a hora de voltar para casa. Ele está
confiante que vai poder frequentar novamente as praias de Fortaleza com sua
família e jogar muita conversa fora com os amigos apreciando uma porção de
carne de sol. “O câncer, muitas vezes, rouba nossa alegria. Se não estivermos
confiantes, se perdemos a fé, ele roubará nossa vida também. Temos que
acreditar na cura”, afirma.
Seu Milton, piauiense radicado no Ceará, que venceu a leucemia e
agora enfrenta o câncer de próstata.
Mesmo na dor, ele transformou seu desespero em fé e esperança e
aposta na cura novamente.
Autor: Juliana Parra
Imprensa:
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