22/02/09 - 13h50 - Atualizado em 25/02/09 - 17h10
Cães e gatos também doam sangue: estoque nem sempre é farto em SP
Existem 13 tipos de
sangue de cachorro e três de gato.
Animal que doa passa
por check up e tem saúde monitorada.
Claudia Silveira Do G1, em São Paulo
O labrador Francesco (Foto: G1 / Daigo Oliva)
Cães e gatos vítimas de
atropelamento, intoxicação e câncer têm na transfusão de sangue uma esperança
para sobreviver em São Paulo. O problema é que esse tipo de doação ainda não se
tornou uma prática entre os donos dos animais, o que significa nem sempre ter sangue
disponível quando um bicho precisa. A dificuldade também é maior porque os cães
têm 13 tipos diferentes de sangue, sendo seis os tipos com mais demanda. Isso
significa que, quanto maior a variação, maior é a dificuldade de encontrar um
doador compatível. O mesmo, no entanto, não acontece com os gatos porque eles
têm apenas três tipos.
Mas o veterinário
Márcio Moreira, coordenador do banco de sangue do hospital veterinário da
Universidade Anhembi Morumbi, na Zona Sul, é otimista e acredita que, quanto
mais o dono se preocupa com a saúde de seu mascote, mais ele poderá ajudar a
salvar outros animais.
Saiba mais
Moreira conta que, há
três anos, o número de doadores cadastrados não chegava a 15. Atualmente, ele
possui mais de 180 cães e gatos catalogados, ou seja, que já doaram sangue ao
menos uma vez e que sempre voltam para abastecer o banco. Quanto mais doadores,
maior a variedade de sangue estocado e mais animais podem ser salvos.
Muito do aumento no número de doadores, conta Moreira, é graças aos donos - que estão se informando mais sobre a saúde dos seus cães - e ao avanço tecnológico na área da medicina veterinária. “Antes, quando um animal precisava de sangue, a gente dizia ao dono: ‘Você conhece alguém que tenha um cachorro grande que possa doar?’”, lembra ele, mostrando que o processo era imediato: saía de um bicho e ia para o outro.
Agora, conta o veterinário, a tecnologia permite transformar uma bolsa de sangue em outras três: uma com concentrado de hemácias, outra com concentrado de plaquetas e, por último, a com plasma. O tempo de estocagem e conservação desse material também aumentou e pode variar de 21 dias a um ano.
Muito do aumento no número de doadores, conta Moreira, é graças aos donos - que estão se informando mais sobre a saúde dos seus cães - e ao avanço tecnológico na área da medicina veterinária. “Antes, quando um animal precisava de sangue, a gente dizia ao dono: ‘Você conhece alguém que tenha um cachorro grande que possa doar?’”, lembra ele, mostrando que o processo era imediato: saía de um bicho e ia para o outro.
Agora, conta o veterinário, a tecnologia permite transformar uma bolsa de sangue em outras três: uma com concentrado de hemácias, outra com concentrado de plaquetas e, por último, a com plasma. O tempo de estocagem e conservação desse material também aumentou e pode variar de 21 dias a um ano.
Doadores
Medalhinha que é dada aos cães que doam sangue no hospital veterinário (Foto: G1 / Daigo Oliva )
O labrador Francesco,
de 3 anos, é um dos animais cadastrados no banco. Segundo a dona dele, a
webdesigner Marina Corrêa, o cachorro é doador desde que completou 1 ano de
vida. “Ele já deve ter doado umas dez vezes. O Francesco já doou para cachorros
com câncer e com a doença do carrapato”, lista a dona.
Marina levou Francesco para doar pela primeira vez por iniciativa de uma amiga, que tinha dois cachorros doadores. Hoje, a webdesigner virou ativista da causa e comanda a comunidade no Orkut “Eu sou cachorro, doo sangue”, com quase 900 membros.
Quem também leva seu mascote para doar sangue é a adestradora e consultora em comportamento animal Iracema Gil, dona do golden retriever Billy. Para ela, a atitude é um gesto de solidariedade. “Acredito que doar é dar mais uma chance de vida a um animal. Hoje, o Billy está doando, mas amanhã pode ser ele que esteja precisando”, justifica.
Marina levou Francesco para doar pela primeira vez por iniciativa de uma amiga, que tinha dois cachorros doadores. Hoje, a webdesigner virou ativista da causa e comanda a comunidade no Orkut “Eu sou cachorro, doo sangue”, com quase 900 membros.
Quem também leva seu mascote para doar sangue é a adestradora e consultora em comportamento animal Iracema Gil, dona do golden retriever Billy. Para ela, a atitude é um gesto de solidariedade. “Acredito que doar é dar mais uma chance de vida a um animal. Hoje, o Billy está doando, mas amanhã pode ser ele que esteja precisando”, justifica.
Como doar
Donos de cães e gatos que se sensibilizaram com o gesto das donas de Francesco
e de Billy precisam saber que, assim como os humanos, cães e gatos precisam
preencher alguns pré-requisitos para poder doar sangue.
Para os cães, a primeira exigência é ter um temperamento dócil, conta o veterinário Moreira. “A gente não doa o animal, ele fica consciente o tempo todo, mas precisa ficar quieto”, diz. O cachorro deve ter entre 1 e 8 anos, estar com 27 kg ou mais, ser vacinado e vermifugado, estar sadio e não estar prenhe.
Os critérios para ser doador são praticamente os mesmos para os gatos, só o peso que muda: o animal deve ter no mínimo 4,5 kg. Os felinos, no entanto, precisam ser sedados, pois dificilmente ficam parados por conta própria.
Tanto o veterinário Moreira como as donas de Francesco e de Billy são enfáticos ao dizer que os animais não sofrem durante a doação de sangue. “O Francesco fica quietinho o tempo todo. Se ele não gostasse ou doesse, ele não ia ficar parado nem deixar as pessoas mexerem nele durante a doação”, afirma Marina.
“Não vou dizer que é divertido porque não deve ser legal ficar parado por muito tempo. Mas sei que, se o Billy não quisesse, ele não deixaria fazer nada com ele”, argumenta Iracena.
Muitos donos podem ainda estar se perguntando se o sangue retirado pode fazer falta ao animal. O coordenador do banco de sangue diz que não. Segundo Moreira, um cão leva 21 dias para repor o sangue retirado e a doação só pode ser repetida a cada dois meses.
“Nós retiramos 20 ml de sangue por quilo do animal. Para encher uma bolsa são necessários entre 400 ml e 450 ml, mas a gente nunca tira tudo o que um cão ou gato pode doar”, afirma.
Para os cães, a primeira exigência é ter um temperamento dócil, conta o veterinário Moreira. “A gente não doa o animal, ele fica consciente o tempo todo, mas precisa ficar quieto”, diz. O cachorro deve ter entre 1 e 8 anos, estar com 27 kg ou mais, ser vacinado e vermifugado, estar sadio e não estar prenhe.
Os critérios para ser doador são praticamente os mesmos para os gatos, só o peso que muda: o animal deve ter no mínimo 4,5 kg. Os felinos, no entanto, precisam ser sedados, pois dificilmente ficam parados por conta própria.
Tanto o veterinário Moreira como as donas de Francesco e de Billy são enfáticos ao dizer que os animais não sofrem durante a doação de sangue. “O Francesco fica quietinho o tempo todo. Se ele não gostasse ou doesse, ele não ia ficar parado nem deixar as pessoas mexerem nele durante a doação”, afirma Marina.
“Não vou dizer que é divertido porque não deve ser legal ficar parado por muito tempo. Mas sei que, se o Billy não quisesse, ele não deixaria fazer nada com ele”, argumenta Iracena.
Muitos donos podem ainda estar se perguntando se o sangue retirado pode fazer falta ao animal. O coordenador do banco de sangue diz que não. Segundo Moreira, um cão leva 21 dias para repor o sangue retirado e a doação só pode ser repetida a cada dois meses.
“Nós retiramos 20 ml de sangue por quilo do animal. Para encher uma bolsa são necessários entre 400 ml e 450 ml, mas a gente nunca tira tudo o que um cão ou gato pode doar”, afirma.
Por que doar
A agulha é colocada na jugular do cão. Note que o médico à direita, coloca os dedos um pouco abaixo da jugular para estimular a pressão do sangue. (Foto: G1 / Daigo Oliva)
Iracema e Marina contam
que levar seus cães para doar sangue significa manter a saúde deles sob controle.
Isso porque, antes de cada doação, o animal é submetido a uma bateria de exames
clínicos que, segundo o veterinário Moreira, irá verificar se o bicho tem
alguma doença. “Já aconteceu de detectarmos uma doença no início graças ao
check up feito antes da doação”, conta.
Monitorar a saúde do pet facilita a vida do dono, mas o gesto de solidariedade tranqüiliza principalmente quem tem algum animal doente. É o caso da veterinária Tatiane Giovani, de 23 anos, dona do cocker spainel Willy, de 8 anos. “Ele tem insuficiência renal crônica e estava em crise”, conta. Em situações como essa, diz Tatiane, Willy precisa da transfusão com urgência para ter melhor qualidade de vida.
Esta foi a segunda vez que o cocker spainel foi submetido a uma transfusão de sangue. A primeira foi logo quando ele teve a doença detectada, em setembro do ano passado. “Na primeira vez, ele tava muito mal, fez a transfusão e melhorou muito”, relembra Tatiane.
Monitorar a saúde do pet facilita a vida do dono, mas o gesto de solidariedade tranqüiliza principalmente quem tem algum animal doente. É o caso da veterinária Tatiane Giovani, de 23 anos, dona do cocker spainel Willy, de 8 anos. “Ele tem insuficiência renal crônica e estava em crise”, conta. Em situações como essa, diz Tatiane, Willy precisa da transfusão com urgência para ter melhor qualidade de vida.
Esta foi a segunda vez que o cocker spainel foi submetido a uma transfusão de sangue. A primeira foi logo quando ele teve a doença detectada, em setembro do ano passado. “Na primeira vez, ele tava muito mal, fez a transfusão e melhorou muito”, relembra Tatiane.
Cuidados
Mas não é porque a doação de sangue vem com um check up que dá para sair oferecendo a veia do seu cachorro por aí. A veterinária Simone Otoline, assessora técnica do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo, afirma que é preciso procurar um hospital ou laboratório de confiança.
Simone orienta que, se for levar o animal para doar, é bom conhecer o local e o veterinário responsável pelo local com antecedência. “Um animal não adoece por fazer a doação, a menos que o procedimento seja feito de forma incorreta”.
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