Vírus respiratórios: o perigo está no ar
Tosse, dores de cabeça, febre e obstrução nasal (nariz entupido)
são alguns dos principais sintomas típicos de infecção por vírus respiratórios,
agentes que circulam pelo ar durante o ano todo e representam perigo,
especialmente pacientes oncológicos.
Esses agentes fazem parte de uma "família", termo utilizado,
pois, mesmo em suas diferentes formas de manifestação, provocam sintomas muito
semelhantes (predominantemente no aparelho respiratório). Da extensa
lista desses vilões, os mais conhecidos e frequentes são o parainfluenza,
influenza (tipos A e B), rinovírus e adenovírus. Não muito atrás, estão os
coronavírus, metapneumovírus, bocavírus e poliomavírus WU e KI. Os vírus da
influenza são causadores da gripe, os demais, ocasionam resfriados.
De acordo com a infectologista do Serviço de Transplante de Medula Óssea
(TMO) do Hospital Amaral Carvalho (HAC), Clarisse Martins Machado, as pessoas
estão sujeitas à infecção pelos vírus respiratório durante todo o ano. Na
região sul e sudeste do Brasil, alguns apresentam circulação mais intensa no
inverno (rinovírus e influenza), outros no outono (sincicial), além da
primavera (metapneumovírus) e aqueles que não têm sazonalidade (adenovírus e
parainfluenza). "Contudo, essa realidade pode ser diferente em outras
regiões. No norte e nordeste, por exemplo, os vírus da influenza circulam no
verão", diz.
Baixa imunidade
A médica explica que, apesar de qualquer pessoa poder ser infectada,
crianças, idosos e pacientes pós-transplante de medula óssea, em tratamento de
câncer, AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), entre outros, por
apresentarem baixa imunidade, são mais sensíveis às complicações dos vírus
respiratórios.
Nos hospitais, esses microorganismos se espalham facilmente e podem
causar surtos de infecção, o que representa risco de vida para os pacientes
imunocomprometidos, conforme salienta a infectologista. "No HAC, como
forma de dimensionamento e controle de infecções por esses vírus, todos os
pacientes transplantados colhem exames para pesquisa realizada pelo Laboratório
de Citoquímica da instituição. Temos uma incidência em torno de 25% dos
pacientes, sendo os mais frequentes os vírus sincicial, parainfluenza e
influenza", afirma.
Clarisse conta que a maior preocupação da equipe do HAC é evitar que
ocorra a transmissão intra-hospitalar, especialmente do vírus sincicial, que
pode causar infecções graves nos primeiros dias do transplante de medula óssea.
Workshop
A recente pandemia de influenza H1N1, popularmente conhecida como gripe
suína, em 2009, fez com que o mundo voltasse à atenção para a gravidade do
vírus influenza e, por consequência, às taxas de mortalidade e medidas de
controle da transmissão. Falar sobre a contaminação e prevenção de doenças
causadas por vírus respiratórios é muito importante.
Tendo em vista a grande circulação desses agentes e a possibilidade de
infecção dos pacientes, a equipe de infectologia do serviço de TMO do HAC
preparou um workshop de vírus respiratórios para os colaboradores da
instituição com o objetivo de conscientizar os pacientes, familiares e
profissionais de saúde sobre a importância dessas infecções no paciente
transplantado.
Nos dias 16 e 18 de abril, cerca de 50 pessoas, entre elas
enfermeiros, pacientes, doadores e familiares dos pacientes transplantados,
participaram de palestras sobre epidemiologia dos vírus respiratórios, higiene
das mãos e vacinação contra influenza. "Foram apresentados dados de
incidência, complicações e mortalidade das infecções por vírus respiratórios no
Serviço de TMO do HAC, de 2008 a 2011 e dados de um estudo recente realizado no
HAC com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Fapesp), que comprovou a importância da vacinação do doador contra influenza -
antes da doação da célula tronco-hematopoiética. O estudo demonstrou também a
importância da vacinação do receptor antes do transplante", ressalta a
médica.
Atividades
como as do workshop, conhecidas como "Educação Continuada",
são essenciais para uniformizar o nível de informação de todos sobre o tema, de
acordo com Clarisse. "Assim, conseguimos uma adesão maior às medidas de
controle da transmissão dos vírus respiratórios, por todos que circulam pelo
Hospital Amaral Carvalho: colaboradores, voluntários, pacientes e seus
acompanhantes", completa.
Ariane Urbanetto
Departamento de
Comunicação - Fundação Amaral Carvalho
Rua Doutor Miranda Junior, 26 - Jahu (SP). CEP 17210-000
(14) 3626-3419 -
ariane@amaralcarvalho.org.br
FOTO: Ana
Candelaria / Assessoria FAC
Nenhum comentário:
Postar um comentário