Um soldado a favor da paz
Piadista, brincalhão e apaixonado por Natal. O falar é manso e a barba e os cabelos brancos dão um ar de dignidade que só os soldados reformados possuem. Esse é o médico Paulo Eduardo de Abreu Machado, 68, condecorado com a Medalha Soldado da Paz pela Associação Brasileira de Integrantes do Batalhão de Suez (RS), que tem como presidente Otávio padilha, veterano do 13º Contingente. O Batalhão é única unidade brasileira ganhadora do prêmio Nobel da Paz.
O reconhecimento de Paulo veio pela filosofia do batalhão, uma vez que ele é dado a quem contribuiu para a paz, independente em que área. "Como professor universitário, por fazer meu papel na educação, minha vida profissional acadêmica é que me levou a essa indicação. Logicamente é uma honra receber, mas o importante é o reconhecimento das pessoas. Ajudei a formar novos médicos, quase três mil", conta.
Além de médico, Paulo é professor emérito da Faculdade de Medicina de Botucatu (entidade que já dirigiu) e hoje é diretor científico do Hemocentro de Botucatu, além de diretor reitor da Universidade Corporativa do Hospital Amaral Carvalho. "Resolvemos ampliar nossas pesquisas na área de oncologia, então formamos essa parceria com o Amaral Carvalho e o Hospital do Câncer de Barretos. Somos uma equipe de professores, de dentro da pós-graduação; faz mais de quatro anos que temos orientadores no HAC, no mestrado profissional, de pesquisa e desenvolvimento biotecnológico médico", conta.
Tanta dedicação resulta em pesquisas inéditas e de resultados surpreendentes: uma delas, realizada por integrantes do Hemocentro de Botucatu, vinculado ao Hospital das Clínicas da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) comparou os resultados de diferentes meios de cultura sobre a proliferação celular, contribuindo para a elucidação e otimização do processo de cicatrização. Dr. Paulo foi orientador da tese de mestrado da biomédica Priscila Marques Donato, com co-orientação da biomédica Marjórie de Assis Golim. O trabalho recebeu o Prêmio Miguel Couto deste ano, oferecido pela Academia Nacional de Medicina. Acrescida das novidades das capacidades das células-tronco, trata-s e de uma técnica derivada dos conhecimentos sobre a capacidade de proteínas especiais denominadas fatores de crescimento (FC) celular, a ideia é promissora e já apresenta resultados animadores.
O estudo já descobriu como acelerar o processo de cicatrização a baixo custo. "Esse trabalho abre novos horizontes com relação ao processo de cicatrização", explica. Ele sabe o que fala: veterano das pesquisas sobre a bioquímica relacionada ao sangue desde a década de 1970,ele defende que o lucro dessa inovação virá sob forma de beneficio ao sistema de saúde. Esse é o doutor Paulo, um homem que sabe que o objetivo da paz é perpetuar a vida.
Mini-currículo - Dr. Paulo Machado
Terceiro Grau (1968)
- Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná
Residência Médica (1969-70)
- Escola Paulista de Medicina
Doutorado (1973)
- Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu
Pós Doutorado (1976-1977) (1978) (1996)
- Unité de Recherde sur les Anemies - Faculte de Medicine de Créteil - Université de Paris/ France
* Professor Livre Docente em Clínica Médica (1980)
- Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP
* Professor Titular de Hematologia (1987)
- Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP
* Chefe do Departamento de Clínica Médica (1993-1995)
- Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP
* Diretor da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP (1997-2001)
* Membro do Conselho Curador da FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (1998-2004)
* Vice Presidente da FAPESP (2000-2002) (2002-2004)
* Professor Emérito da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP (2002)
* Diretor Reitor da Universidade Corporativa Amaral Carvalho (2004)
SAIBA MAIS
A Guerra do Suez
Em 30 de outubro de 1956, França, Inglaterra e Israel atacaram o Egito para garantir o uso do Canal de Suez, nacionalizado dias antes pelo governo do então presidente Gamal Abdel Nasser. Próximo da extinta União Soviética, Nasser queria que o Egito se tornasse uma potência graças ao uso político da via marítima, que liga o mar Mediterrâneo ao Vermelho. São 163 quilômetros que permite que embarcações naveguem da Europa à Ásia sem terem que contornar a África pelo cabo da Boa Esperança.
Israel investiu por terra, tomando toda a península do Sinai, enquanto França e Inglaterra enviaram nada menos que sete porta-aviões e bombardearam incessantemente as tropas egípcias, que sucumbiram em apenas cinco dias de luta. Desesperado, Nasser mandou bloquear o canal, afundando vários navios que tinham sido previamente preparados para isso.
No dia 5 de novembro, tropas aero-transportadas francesas e britânicas foram lançadas em dois pontos na área da cidade Port Said. Após garantir a cabeça-de-ponte, veio o desembarque anfíbio das tropas britânicas. Mas a repercussão internacional do ataque - condenado até mesmo pelo arquinimigo soviético, os Estados Unidos - terminou com a retirada no dia 6. Foi a mais curta "invasão" da história, mas a instabilidade política da região culminou na mais longa Missão de Paz da ONU (Organização das Nações Unidas), que durou de fevereiro de 1957 até junho de 1967.
Entre as inúmeras unidades militares de todo mundo que participaram da manutenção da paz naquela região estava o Batalhão de Suez, força militar do Exército Brasileiro lotada no Rio Grande do Sul.
Bruna Oliveira
Departamento de Comunicação e Marketing
Fundação Dr. Amaral Carvalho
Rua Doutor Miranda Junior, 26 - Jaú (SP). CEP 17210-000
(14) 3626-3419
Nenhum comentário:
Postar um comentário